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Especial Semana Farroupilha - Lendas Gaúchas - Angoera

Seguindo com as postagens em parceria com o artista plástico Marco Baptista, hoje contarei a lenda do Angoera! Vamos lá!


Angoera, Angüera. Espírito amistoso que habita os pampas gaúchos.

Há muito e muito tempo atrás havia um índio guarani, forte, valente, corajoso. Ele se chamava Angoera. Mas, apesar de toda sua força e valentia, era tristonho, sempre sério e calado. Quando os padres missioneiros vieram das bandas do rio Uruguai, foi ele quem os guiou pelo caminho. Mostrou a eles os melhores lugares e ajudou-os na construção de todas as igrejas dos Sete Povos das Missões. Por ser sempre tão bem disposto a ajudar, foi batizado pelos jesuítas com o nome de Generoso. Aceitando a fé cristã, batizou-se. Depois de ter sido batizado, mudou totalmente seu jeito de ser. Antes tristonho, agora era alegre. De sério passou a brincalhão, e de calado passou a ser falante e doido por música e dança.

Então, certa feita, sentindo-se no fim da vida, chamou um padre, confessou-se e morreu. No entanto seu cadáver mantinha a fisionomia alegre que tinha quando vivo. Por ser tão querido, sua morte foi muito sentida e os índios choraram por dias e dias. Por alguma razão que não se sabe explicar, acabou tornando-se um fantasma. Leve espírito, sua alma vaga pelo mundo, divertindo-se com brincadeiras como fazer estalar o forro dos tetos ou as tábuas dos assoalhos; fazer vibrar do nada as cordas dos violões; tremer a chama das velas e assoviar pelas frestas de janelas e portas.

Dizem sua presença pode ser sentida nos bailes, em forma de um sapateado ao ritmo do violão. Não é possível vê-lo, mas ouvem-se seus passos. Em outros momentos, os cantores ouvem um sussurro baixinho em seus ouvidos - sempre o mesmo sussurro:

"Eu me chamo Generoso
Morador de Pirapó
Gosto muito de dançar
Co'as moças, de paletó."

Em guarani, "angoera" significa espectro, alma penada que não foi para o outro mundo e assusta e assombra os viajantes. No entanto, o fantasma de Generoso não assusta ninguém, faz apenas brincadeiras bobas de quando em vez. 

Esta lenda faz parte do folclore gaúcho, reescrita por Denise Baptista. Aquarela de Marco Baptista. Esta série de posts é uma parceria entre os blogs Pensando a Educação e Marco Baptista Multimídias

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