Queridos, esta semana preparamos uma coisa muito bacana para vocês. Meu marido, artista plástico formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, aceitou meu desafio de produzir uma aquarela por dia, tendo como tema as lendas do Rio Grande do Sul. Eu reescrevo a lenda, e ele produz a imagem, que servirá de ilustração para cada uma delas, que serão publicadas aqui.
Hoje começaremos com a lenda da M'boi Guaçu.
A M’Boi Guaçu era uma enorme cobra que vivia nos matos ao redor de São Miguel, no Rio Grande do Sul. Por lá ela habitava,e se alimentava de animais e, quiçá, de algum índio desavisado.
Quando houve a grande Guerra Guaranítica, os jesuítas tiveram que abandonar as reduções, isto lá por 1802. Desse abandono, restou um grande número de mulheres e crianças que foram se abrigar na Igreja. Lá elas ficavam, amedrontadas pela possibilidade do retorno de soldados que poderiam matá-las.
O tempo foi passando, e o mato começou a subir pelas paredes da Igreja. A cobra então, subiu, decidida a se abrigar na torre da Igreja. Com o passar do tempo a cobra sentiu fome, e decidiu sair para caçar. Mas, na descida, enroscou-se nas cordas do sino que começou a badalar, causando grande barulho.
A cobra se debatia, e o sino repicava. Isso ocorreu por horas e horas, dias e dias, e a cobra não parava nunca de se debater, mesmo faminta. As mulheres não aguentavam mais o bater do sino, sentiam-se à beira da loucura. Então, numa noite, uma mulher enlouquecida pelo barulho, pegou seu filho e foi subindo as escadas até entregá-lo à cobra. A cobra fartou-se do pequeno, e o barulho cessou por dois dias. A cobra estava satisfeita, de barriga cheia, e deixou as mulheres e crianças em paz por algum tempo.
Então, novamente sentiu fome e começou a tentar soltar-se, reiniciando o repicar enlouquecedor do sino. Após alguns dias, outra mulher já enlouquecendo, entregou-lhe seu filho para que comesse e parasse o barulho. Entao a cobra descobriu uma nova maneira de se manter alimentada. À medida em que ela sentia fome, se debatia, e o sino voltava a badalar e, assim, para acalmar a cobra, as mães entregavam seus filhos. De tanto comer carne tenra a cobra foi inchando, inchando até que estourou de tão gorda. Sua graxa, muito preta, inundou toda a torre, veio caindo e nos degraus se grudou. E diz-se que até hoje a parte interna da torre é enegrecida pela graxa da M'boi Guaçu.
Esta lenda faz parte do folclore gaúcho, reescrita por Denise Baptista. Aquarela de Marco Baptista. Esta série de posts é uma parceria entre os blogs Pensando a Educação e Marco Baptista Multimídias.
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